A guerra sobre o projeto da terceirização está ficando mais favorável às posições da presidente Dilma Rousseff e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Se necessário, Renan deverá ajudar a manter eventuais vetos presidenciais ao projeto final.

O presidente do Senado é contra a proposta aprovada na Câmara na semana passada. Vai dar a ela tramitação mais lenta no Senado e já se disse contrário à liberação da terceirização para todas as atividades de uma empresa. Quer colocar limites à chamada atividade-fim.

O governo pretende fazer modificações no Senado. Como a Câmara é a Casa que deu origem ao projeto, a proposta voltaria para lá após alterações feitas pelo Senado. Em tese, a Câmara poderia retomar o texto original, o que deixaria mudanças a cargo de eventuais vetos presidenciais.

Essa é uma guerra que vai longe.

Na Câmara, a vitória do projeto de terceirização na semana passada só ocorreu devido a uma aliança entre o presidente da Casa, Eduardo Cunha, e o PSDB, que votou maciçamente a favor do projeto. Mesmo assim, foi um placar apertado. Portanto, não seria fácil derrubar vetos presidenciais, cujo momento de votação dependem de Renan, que é o presidente do Congresso.

Apesar do recente mal-estar entre Dilma e Renan, é possível que haja uma aliança dos dois contra Cunha e o PSDB na guerra da terceirização. Ambos ganhariam com a defesa de uma bandeira popular

Dilma sofreu pressão do ex-presidente Lula e do PT para ser mais dura em relação a pontos do projeto de terceirização que, no entender deles, poderiam ser prejudiciais aos trabalhadores. Dilma trilhava um caminho mais ponderado, mas ontem, numa reunião com sindicalistas, subiu o tom.

É uma tentativa de abraçar uma tema popular, porque pesquisas que chegaram ao conhecimento do governo mostram preocupação dos entrevistados com as consequências de novas regras da terceirização sobre o salários e a jornada de trabalho.

A presidente tem defendido a necessidade de uma regulamentação da terceirização, porque hoje não existe lei sobre o tema. Há apenas súmulas do TST (Tribunal Superior do Trabalho). A posição de Dilma era cautelosa em relação à chamada atividade-fim.

Na Câmara, foi votada uma regra que permite que todas as atividade de uma empresa possam ser terceirizadas, não apenas as atividades-meio. Lula e o PT são contra e pressionaram Dilma, que vive uma fase de baixa popularidade, a adotar uma posição mais próxima de setores do eleitorado que já votaram nos petistas e que hoje estão distantes do partido.

As pesquisas que o governo tem mostrariam que a popularidade de Dilma chegou ao fundo do poço e que poderia começar a haver alguma recuperação, mesmo diante de um cenário econômico complicado adiante. O governo inventou uma desculpa política para evitar um protesto com hora marcada, o que aconteceria no caso do pronunciamento presidencial nos moldes tradicionais em cadeia de rádio e TV e aos quais a presidente sempre recorreu.

Ao divulgar vídeos na internet, o governo inviabiliza o panelaço que rende manchetes de rádios, jornais e TVs. E avalia que haverá repercussão dos meios de comunicação do mesmo jeito, porque usarão hoje as imagens e as declarações da presidente.

É uma estratégia política defensiva, mas é a possível neste momento de fraqueza do governo.

Fonte do texto: Blog do Kennedy

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